terça-feira, 8 de julho de 2008

Agora que já saiu no livro, eu posso postar...



És a perfeição encarnada
em carnes quentes

Não cabes em meu peito
Não habitas meus sonhos
nem meus pensamentos

O que preenches
são outros vazios

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Violarei-te aos poucos
Para que não te machuques
Imaculada página

Serei breve e suave
Como o entardecer
Para que não tu fujas
Para que não te escondas
Amada poesia, não sumas
Nesta folha que é
Quase branca





Há, não é supimpa, mas que novo
mas quase inédito... tou com muita saudade de escrever e de atualizar aqui...
podem me cobrar uma vez por samana, eu prometo
=D
quero voltar a ser Deusa...digo, escritora
;)

domingo, 27 de abril de 2008

"Cito e recito autores mortos
O Amor é mais poético
publicado no século passado"




...extratos de mim mesma

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Tomo por meus alheios sentimentos
ao escrever sobre aquilo que não sinto
Deslizo sobre a pele de desconhecidos
para roubar-lhes assim o âmago
e depois vomitar suas mágoas
nalgum papel

Tomo por minhas alheias histórias
de seres que não conheci em vida
para que falem por meus dedos
o que não podem dizer com sons

Tomo por minhas alheias palavras
ao dizer que derramaria meu sangue por ti
quando preferiria o teu em taça!




Completamente prosaico...
Mas um desconto, ele deve ser de 2005 pelo menos, eu devia ter uns 16 aninhos...
só pra atualizar, e lembrar os velhos tempos
e como as criaturas das trevas me fascinavam, e ainda fascinam
apesar de não conseguir mais escrever sobre vampiros

sexta-feira, 21 de março de 2008

Bebe amor!
Bebe dos lábios meus
O suave veneno,
Que é teu por direito.

Bebe amor!
Bebe antes que se esfrie
Aquilo que é só teu!
Anda rápido porque
a noite é menor que parece...

Bebe amor!
Bebe que a tua boca
Junto a minha boca
Faz gemer o céu.

sábado, 15 de março de 2008

folhetim

Não me importa o que irão pensar, eu não irei me justificar. Chamem de crônica se quiserem, não faz diferença alguma, eu irei escrever sobre o que aconteceu, em forma coloquial e reflexiva da mesma forma.
Estava eu no ônibus e acabei sentando perto de um cara com um uniforme, que se não me engano era da guarda municipal. Não, não, nem sou muito chegada em homens fardados, mas eu fiquei bem curiosa pelo livro que ele estava lendo, parecia um desses de cursinho pré-concurso público. E como domingo é a prova da prefeitura eu fiquei olhando descaradamente pro livro, até que o moço o guardou e pegou uma bíblia. Daí eu comecei a pensar com meus botões que ele deve ter me achado uma seguidora de satã, considerando meu all star roxo, a camiseta do Metallica e o pentagrama no pescoço. Sem mencionar o possível cheiro de tequila que restasse em mim, mas acho que não tinha mais cheiro... Então pra variar, me lembrei da Camile. Pensei, esse ae acredita no tal poder superior, levando em consideração que eu sou um tanto descrente, e não raras as vezes eu faço questionamentos que na verdade nem me importam.
Abriu no Gênesis, depois nos Salmos, eu tive vontade de dizer, “vêm cá, tu não sabe que pra uma boa leitura é preciso concentração, e não ficar saltitando de página em página???”, então ele foi ao fim da bíblia surrada e tirou um folhetim. E me entregou. Eu fiquei bem sem jeito, se fosse há algum tempo atrás, quando eu falava coisas ruins sem me importar, eu teria dito não. Mas dessa vez eu aceitei, talvez minha estupidez tenha se demonstrado no fato de que eu só agradeci e enfiei o bendito papel na bolsa sem nem olhar pra ele direito.
O fato é que o tal papel tá em cima da minha mesa e eu não consegui jogar fora ainda. Seria bem conveniente dizer que eu guardei o papel pensando que Deus me mandou um sinal, bem conveniente pedir pra ir bem na prova amanhã, mas não vou pedir nada. Acho que se Deus existe, ele sabe o que cada um merece, e dá aquilo que a gente trabalhou pra ter. Ou não. Seja como for, nunca irei saber.
Tá um dia lindo lá fora, e músicas em francês ecoam no meu quarto, o que mais eu posso pedir além disso? Muitas coisas eu sei. Mas se algo é divino, com certeza é o sol. O sol que fecunda tudo sobre a terra... Não há vida sem sol.
Talvez Deus pra mim seja muito menos etéreo do que pra maioria das pessoas.

Bendito aquele que crê sem ver.

Infelizmente eu não sei se essa sou eu.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Anniversaire

-Eu juro que é verdade. Não, não eu sei que é um sonho, mas é verdade. Não efetivamente, mas vai ser. Eu acordei no meio da noite chorando, chorando não, era um rio que se formava em cima da cama, um rio de alegria e tristeza. Pára de rir, eu tô aqui te contando o drama da minha vida e tu ri da minha cara!? Seu bobalhão...
Ela era tão perfeita que posso lembrar de cada detalhe. Ainda posso sentir ela acordando no meio da noite e sua mão que automaticamente procurava meus cabelos, ainda levo a minha em procura da sua e me dou conta que estou sozinho no quarto, na casa.
Naquela manhã ela despertou elétrica. Pulou da cama com sua langerie preta, não muito pequena, mas muito sensual, as formas redondas e suas cores tão vivas. Ela abriu a cortina bege saltitante, e saltitante voltou pra cama. Sentou-se sobre mim abrindo os braços como quem mostra um quadro caro dizendo “Bonjour, mon amour! Houjourd’hui il fait soleil! Regarde la vie, regarde-moi! Regarde-moi car je t’aime!!!”.
Eu sorria, porque sorrir era tudo que eu sabia fazer diante dela. Perto dela eu me tornava pequeno, e isso nunca me incomodou. Eu a amo mais que tudo, sempre vou amar.
E mais a cada dia. Mais porque sempre se ama mais aquilo que não se pode ter.
Voltando a manhã que só fazia sol aos olhos dela, que sempre foram capazes de capturar beleza nas coisas mais banais, mas que, ao contrário, tinha um tom cinza, ou talvez fossem só algumas nuvens que eu interpretei como um mau presságio. Tomamos café perto das dez horas, em seguida ela abriu o e-mail e sorriu, e depois seu rosto perdeu a expressão.
— O que foi?
— Eu consegui.
— Conseguiu o quê?
— Aquele emprego.
— Qual deles, amor?
—Aquele em Paris.
Não se tocou mais no assunto até o jantar, mas eu sentia a respiração dela pesada, via o brilho que as lágrimas davam aos olhos de tempos em tempos, mas também sabia que ela precisava ir. Devia. Queria. Nunca passou pelos meus pensamentos pedir pra ela ficar. Era o sonho dela, o sonho agridoce. Também, talvez fossem só alguns meses, um ano, no máximo uma vida. E eu? O que eu ia fazer em Paris? Não ia, essa era a resposta. Pelo menos não por hora. Eu tinha minha faculdade, minha família, a loja. Por mais rápido que me formasse, seria no mínimo um ano e meio. Talvez ela voltasse antes disso, se nenhum francês imbecil a roubasse de mim.
A primeira semana teve telefonemas a cada noite. Cada tchau era mais difícil.
Ao final do primeiro mês ela já estava mais alegre, contava com detalhes as ruas por onde passava. A minha caixa de e-mail estava lotada de fotos.
Depois já não recebia mais tantas fotos, só alguns telefonemas, perdidos espaçados mais por obrigação do que por saudade, eu acho. Mas ela não me disse nada, fez uma surpresa: uma caixa cheia de coisas. Muitos cartões postais, cd’s de bandas que só ouvíamos pela internet e alguns livros que há tempos eu procurava em sebos.
Faz mais de três semanas que não ouço sua voz. É triste, mas eu sei que a tendência é cessar. E a culpa não é de ninguém. Hoje, por exemplo, foi nosso aniversário de casamento e ela nem ligou. Eu sei que ainda são 22:25, mas em Paris já é amanhã.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Vou te amar
enquanto houver música
entre o corpo meu
e o corpo teu
que é meu também

Talvez não compreenderás
e isso também não importa

Silencias sem esquecer
do que te prometi

Dorme tranqüilo
porque eu te amo,
mas sem vocativos

domingo, 13 de janeiro de 2008




Podes me ouvir?

Poderia jurar

Podes me ouvir??

Entre as árvores, talvez
pelos corredores
[mentais]

Podes me ouvir???

Deus, onde estará?
Apareça, criatura
Dê-me tua face
Faz clara a tua voz!

Podes me ouvir?

Ah, será o vinho
ou haverá realmente
alguém a ouvir meus lamentos?

Por Cristo, eu seria capaz
de vender minh’alma
para vê-lo uma só vez

Tocar, talvez, sua branca fronte
Que deleite não seria,
Poder finalmente mirá-lo?

Podes me ouvir?

Sim!Sim!Sim!
Mas calá-te maléfica voz
Ou então não serei mais eu
Não serei capaz de controlar-me

Podes me ouvir?

...

sábado, 5 de janeiro de 2008

A case of you

Ela pintava o olho esquerdo quando a irmã trocou a estação de rádio. Uma canção de acordes doloridos tocava enquanto uma voz suave cantava. Por um segundo, apenas um, ela desviou o olhar do espelho em direção ao som, imaginando que, talvez, fosse ele. Sempre ele com aqueles cds com velhas canções de woodstock, mas não. Sentiu um leve tremor, entretanto nada em sua essência doeu, nada seria capaz de lhe aflorar qualquer mágoa esquecida, simplesmente sentiu algo movendo-se, quase invisível, impossível de fazer reviver qualquer sentimento.
Ela era um lago, um lago silencioso e tranqüilo, a canção, a folha morta; caíra, sobre sua superfície, agitara-a de leve, mas logo afundaria em suas profundezas desconhecidas, de onde jamais sairia.
Assim ela definira seu coração, um lago cheio de folhas. Algumas dessas folhas flutuaram por longos períodos antes de sumir, outras tão vazias de significado que ela nem saberia dizer se lhe causaram qualquer movimento interior ao submergir.
A canção já estava no fim, não durou mais que vinte segundos, então ela foi até o armário onde pegou uma sandália baixa e seu anel favorito.
Despediu-se da irmã com um beijo na testa e um tímido ‘tchau’, enquanto colocava a mochila nas costas.
Fechar a portas trás de si foi o mais difícil, mal sabia para onde estava indo, mas sabia que deveria ir, independente de qualquer razão.
E foi.


“oh, baby, baby
todas noites eu tenho sonhos estranhos
e você está em quase todos eles, querido.”